José Carlos Rates, fundador do PCP e seu primeiro secretário-geral, após o seu afastamento do partido, aproximou-se do regime do Estado Novo, num processo idêntico a outros antigos militantes operários, que tinham sido sindicalistas-revolucionários. A 16 de Julho de 1931, o jornal oficioso do regime, Diário da Manhã, publicava o seu pedido de adesão.
Quando há uns 35 anos soube desta adesão do Rates ao Estado Novo, lembro-me da perplexidade com que registei o argumento dele de que nessa transição mantinha a sua coerência de oposição à democracia!
Depois fui notando que o mesmo se passara com a ascensão do nazismo, em que muitos jovens comunistas também aderiram ao nacional-socialismo, coisa tão “natural” que foi o que permitiu a ascensão no partido nazi de Sorge, o espião soviético cujas informações foram vitais para a contra-ofensiva russa de Inverno em 1941.
Mais tarde ainda vim a saber que também em Espanha a Falange deu refúgio a muitos comunistas que assim salvaram a vida na zona franquista.
As semelhanças que todos esses jovens viam nos dois tipos de extemismo são óbvias!
Aceitando como bom que a adesão prendia-se com motivos de genuina boa-fé, coisa não tão rara e com resultados muitas vezes dramáticos, impressiona o “compromisso” de principios que se pretende estabelecer. Ou talvez não, se atendermos ao ano (1931) e ao anacronismo da nossa avaliação dum regime que ainda estava nos primeiros anos duma vida de quase meio século de existência.
Das críticas ao regime republicano destaco uma, a meu ver curiosa: a de desinvestir no combate ao analfabetismo para investir na formação universitária (“…não correspondendo esse desenvolvimento ao das actividades nacionais”), retomando mais adiante a ideia das “faculdades operárias”, que com outros nomes tenho conhecimento terem existido na República, ministrando desde cursos de Esperanto ao ensino de artes e ofícios da época.
Fico curioso de saber como se desenrrolou a vida de JCR posteriormente.