Materiais para uma biografia de Artur Ramos:

Comunicado do Secretariado do Comité Central do PCP, 9 de Janeiro de 2006

Miguel-Pedro Quadrio, "Na morte de Artur Ramos", Diário de Notícias, 10/1/2006

"Faleceu Artur Ramos – Uma vida dedicada", Avante!, 11/5/2006

1 – Faleceu Artur Ramos Comunicado do Secretariado do Comité Central do PCP, 9 de Janeiro de 2006

Faleceu, aos 79 anos, Artur Ramos, destacada figura dos meios culturais, actor, encenador e realizador. Artur Ramos estreou-se como actor amador na Companhia de Teatro do Salitre, fez um curso de realizador tendo realizado para a Televisão (desde o seu início em Portugal), reportagens, filmes e peças de teatro e com essa actividade deu a conhecer, no período da censura fascista, importantes e prestigiados autores nacionais e estrangeiros.

 

Foi realizador de cinema e encenador no Teatro D. Maria II e no Maria Matos.

 

Aderiu ao PCP em 1957. Depois do 25 de Abril, entre outras tarefas, foi dirigente do Sector de Artes e Letras do Sector Intelectual da Organização Regional de Lisboa. Era actualmente militante no Sector das Artes e Espectáculo da ORL do PCP.

 

Foi, durante vários anos colaborador da Secção Internacional do PCP e activista de estruturas unitárias de solidariedade internacionalista.

 

À sua companheira, camarada Helena Ramos, e restante família, aos seus camaradas de profissão e amigos, o PCP exprime as suas condolências pela perda deste camarada e amigo.

 

O corpo estará em câmara ardente, a partir das 14h de amanhã, terça-feira, dia 10, no Centro Funerário de São Pedro de Alcântara (Calçada da Tapada, em Alcântara).

 

O funeral realiza-se quarta-feira, dia 11, pelas 11h, para o Cemitério do Alto de S. João.

2 – Miguel-Pedro Quadrio, "Na morte de Artur Ramos", Diário de Notícias, 10/1/2006

O encenador e realizador Artur Ramos morreu ontem, com 79 anos. Na mensagem difundia no Dia do Autor de 1994, afirmava "Neste ano (…) é dada a palavra a um Autor de Televisão, o que acontece pela primeira vez." Mas esta autodefinição modesta não esgota, de todo, o homem de cultura que foi Artur Manuel Moreira Ramos.

Ligado, embora, à Radiotelevisão Portuguesa desde a sua fundação – foi o primeiro realizador efectivo da empresa e encarregou-se das emissões experimentais que tiveram lugar na Feira Popular, em 1956, Artur Ramos teve uma carreira riquíssima e abrangente.

A par da realização televisiva – que estimava como veículo privilegiado de (boa) divulgação cultural -, encenou teatro, fez cinema, foi actor, traduziu teatro e não só, norteando sempre o seu trabalho por quatro propósitos claros renovação do cânone dramatúrgico praticado entre nós (ele é o grande divulgador em Portugal de autores fundamentais e, então, politicamente "incorrectos", como Samuel Beckett, Harold Pinter, John Osborne ou Stanislas I. Mitkiewicz); qualificação estética de um tecido artístico pobre; atenção aos valores emergentes (aos novos dramaturgos portugueses da época, como Teresa Rita Lopes ou Luiz Francisco Rebello, mas também aos mais interessantes actores das novas gerações – ficou célebre a sua direcção, em 1968, de Glicínia Quartin n'Os Dias Felizes, de Beckett); intervenção cívica (acusado pela PIDE de "pacifismo" e de ligações ao Partido Comunista Português, foi despedido da RTP, em 1961, além de ter visto encenações suas proibidas pela Censura).

Nascido em Lisboa a 20 de Novembro de 1926, Artur Ramos licenciou-se em Filologia Germânica na Faculdade de Letras de Lisboa. Não defendeu a tese de licenciatura, porque, em 1951, já trocara a Literatura pela Cinema. É nesse ano que se inscreve nos cursos de Realização e Montagem, em Paris, no Institut des Hautes Études Cinématographiques, concluindo-os, em 1954, com a tese Le Regard Portugais sur la TV Française. A chegada da televisão a Portugal trá-lo de volta, já que a experiência de realização adquirida na radiotelevisão francesa o tornava indispensável no lançamento da RTP. É justamente esta circunstância que o transforma em "realizador de serviço" – da culinária aos directos, fez então um pouco de tudo – e que, mais tarde, lhe permitirá desenvolver o seu particular interesse pela direcção de espaços culturais.

Apesar de menos frequentes, as suas incursões no cinema deixaram-nos em Pássaros de Asas Cortadas (1963) um dos mais impressivos e mordazes retratos da alta burguesia portuguesa dos anos 50. E a sua última encenação fê-la com os Artistas Unidos, regressando ao seu tão estimado Pinter, com uma notabilíssima leitura d'A Colecção (2002).

O corpo de Artur Ramos estará em câmara ardente, a partir das 14.00 de hoje, no centro funerário de São Pedro de Alcântara, em Lisboa, de onde o funeral sairá amanhã, às 11.00.


3 – Faleceu Artur Ramos – Uma vida dedicada

Faleceu na segunda-feira, aos 79 anos, Artur Ramos, militante comunista e destacada figura dos meios culturais, onde se distinguiu como actor, encenador e realizador.
Artur Ramos foi o primeiro realizador da RTP, depois de ter sido responsável pelas suas emissões experimentais, tendo, para além de reportagens e filmes, no período da censura fascista, dirigido numerosas peças de teatro de importantes e prestigiados autores nacionais e estrangeiros.
Artur Ramos fundou duas companhias de teatro em Portugal – o Grupo de Acção Teatral e a do Teatro Maria Matos – , tendo sido crítico de teatro na «Seara Nova» e professor das escolas de teatro e cinema do Conservatório Nacional.
«É uma perda muito grande para a cultura portuguesa», afirmou Joaquim Benite, referindo-se, em declarações à Lusa, a Artur Ramos, figura que considerou «um exemplo de qualidade artística, de escrupulosa seriedade e de permanente energia». Maria do Céu Guerra, por sua vez, destacou a actividade «sólida e séria» do realizador, enquanto Raul Solnado enalteceu nele o «profissionalismo» e a amizade, atributos reconhecidos também por Luís Francisco Rebello, que vê em Artur Ramos um homem «na vanguarda do teatro», elevando-o à categoria de «encenador de grande nível e imaginativo».
Nascido a 20 de Novembro de 1926, em Lisboa, onde se licenciou em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras de Lisboa, Artur Ramos viveu também em Paris, durante cinco anos, obtendo uma bolsa do governo francês para o Instituto de Altos Estudos Cinematográficos.
Aderiu ao PCP em 1957 e, depois do 25 de Abril, entre outras tarefas, foi dirigente do Sector de Artes e Letras do Sector Intelectual da Organização Regional de Lisboa, militando actualmente naquela organização no Sector das Artes e Espectáculo.
O Secretariado do Comité Central do PCP, em nota divulgada no dia 9, data do seu falecimento, releva ainda o contributo e o papel, durante vários anos, de Artur Ramos enquanto colaborador da Secção Internacional do PCP e activista de estruturas unitárias de solidariedade internacionalista.
No texto, aquele organismo dirigente do PCP expressa à companheira de Artur Ramos, camarada Helena Ramos, e restante família, bem como aos seus camaradas de profissão e amigos, as condolências pela perda deste camarada e amigo.
O funeral, depois do corpo ter estado em câmara ardente no Centro Funerário de São Pedro de Alcântara, realizou-se ontem, dia 11, para o Cemitério do Alto de S. João.

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