Até ao fim de Novembro estará nas livrarias. Com este volume a vida política de Cunhal, desde a sua adolescência até à fuga de Peniche, está já tratada, faltando agora, para completar o plano incial da biografia, os anos 1960-1974. Esta é a

NOTA INTRODUTÓRIA

Entre Março de 1949 e Janeiro de 1960, Álvaro Cunhal esteve preso. O seu quotidiano não tem história aparente, é feito da repetição dos mesmos gestos vigiados, numa sucessão de horas, dias e anos, confinado em duas prisões de alta segurança: a Penitenciária e o Forte de Peniche. Qual poderia ser a sua biografia? Meia dúzia de páginas, dirá o leitor, olhando com perplexidade as centenas aqui publicadas. Mas não me parece que possa ser assim.

Uma “biografia política” de Álvaro Cunhal não pode ser feita apenas dos eventos directamente relacionados com o prisioneiro, porque o biografado associou como poucos a sua vida pessoal com a história do comunismo português. Não há na sua vida adulta, uma frase que tenha escrito, um desenho que tenha feito, um acto de que tenha sido responsável, que não tivessem como interlocutor privilegiado o PCP. Por isso, não se pode compreender Cunhal, mesmo nos seus anos de maior isolamento, sem essa relação total com o partido de que fazia parte.

Não é possível escrever uma biografia de Cunhal sem ao mesmo tempo interpretar a história do PCP e, no seu sentido mais lato, da oposição ao regime ditatorial. Como, quer a história do PCP, quer a história da oposição, estão em grande parte por fazer, nesta biografia formam um contínuo, que, como se vê no que Cunhal fez durante e depois da prisão, eram a sua preocupação principal e a sua razão de viver. Sem essa história, Cunhal não pode ser “explicado” na sua biografia política.

12 comments

  1. Creio que a sua ideia inicial era apenas fazer 3 volumes da vida de Cunhal. Espero que tenha reconsiderado e escrever mais. O ideal era fazer os volumes suficientes para relatar a sua vida, desdo o nascimento à morte. Essa vida abarca grande parte da história de Portugal que ficaria assim biografada, de um ponto de vista peculiar.
    Se não concordo com muitas das suas ideias politicas (acho o Abrupto muito tendencioso e pretencioso), tenho de lhe dar os Parabens por este blogue e sobretudo pelos dois livros sobre Álvaro Cunhal que já publicou. E Parabens também por este terceiro. Tenho a certeza que vou adorar lê-lo.

  2. santosdacasa

    Felicitações pelo seu trabalho. Calculo, que tal como os anteriores volumes, o que aguarda publicação será importante para compreender o comunismo em Portugal. Obrigado.

  3. santosdacasa

    Felicitações pelo seu trabalho. Calculo, que tal como os anteriores volumes, o que aguarda publicação será importante para compreender o comunismo em Portugal. Obrigado.

  4. bento

    A luta de Álvaro Cunhal fez-se também na prisão.
    Uma luta mais pessoal contra o isolamento e a depressão. E outra com os camaradas presos e cá fora contra o fascismo e a ditadura. Mesmo preso Cunhal continuou a lutar.
    Os seus últimos anos de vida mostraram que é homem para nunca desistir. E provou-o até ao fim quando limpou o partido uma última vez, antes de morrer.

  5. O Alvaro Cunhal na minha modesta opinião é alguem que não devemos gratificar pela democracia que temos hoje,pois o que ele queria era uma ditadura de cuba.Nunca terá o meu respeito.

  6. Rui Neves

    A questão fundamental não é se estamos ou não de acordo com Álvaro Cunhal e com a ideologia comunista. O que é importante perceber é que Álvaro Cunhal foi uma das figuras mais importantes do Séc. XX português, quer nos seus aspectos positivos como negativos. Neste sentido é da maior importância o trabalho de Pacheco Pereira e espero que ele pense melhor e não se fique pelo 25 de Abril. Seria muito importante continuar com a biografia até à data da morte de Álvaro Cunhal.

  7. Marques Nunes

    O livro é fraco, especulativo (warrants style)e dependente de clichés românticos socio democratas, uma visão de um homem de direita, sem estilo próprio, com meia dúzia de documentos do KGB outra meia verade da Pide, umas dicas de alguns ex comunistas e pouco mais.
    Lamento.

    Marques Nunes
    O.T.O.

  8. José de Sá

    Pois eu, embora ainda só tenha digerido uns 20% das 700 e tal páginas do livro, acho-o uma obra essencial e de imenso rigor factual.
    Para mim pessoalmente este trabalho tem uma importancia especial que me vai levar tempo a digerir, mas adiantaria já 4 notas preliminares:
    1 – A descrição exacta das torturas, com a importancia devida ao efeito do isolamento e outras formas de pressão psicológica, e que me permite conhecer como certas experiências casuais que conheci de perto foram afinal comuns;
    2 – Os pormenores das contradições internas do regime, entre defensores oficiosos, responsaveis prisionais e PIDE, que não constituiam uma entidade homogénea como muitas vezes os anti-fascistas pensavam;
    3 – Os pormenores das contradições internas do PCP, nomeadamente a interessante revelação de que aos traidores nada acontecia e que os “executados” eram todos inocentes…
    4 – Finalmente, uma nota formal: do ponto de vista literário, a narrativa é neste volume bastante mais maçuda que nos anteriores, ao estilo de “relatório”.

    Faltam agora os anos de 1960-1974. Que, naturalmente, terão de esmiuçar muito das relações ocm o maoísmo…!

  9. Herminio de Freitas Nunes

    Os meus parabéns por mais uma obra. Apesar de alguns comentários depreciativos, quem está “por dentro” da história de um ou outro dos protagonistas, porque para além do Dr. Cunhal há outros protagonistas, sabe que a edição da obra vai no rumo certo.
    Incomoda? Óptimo.

  10. Não li, ainda…e quando digo ler, é ler mesmo! …mas acho curioso (e sintomático) que a “estória” do comunismo português seja feita por um não comunista…talvez deva (tenha de) ser assim mesmo!?!

  11. bruno passos

    ando à procura de informações sobre antónio simões júnior, autor do livro “antiga crónica de olhão”. pesquisando na internet surge o link para este blog, mas ainda não consegui encontrar nada. podem-me dar alguma informação?

  12. Gualberto Freitas

    Tendo lido até ao momento os dois primeiros volumes desta biografia considero que é um interessante estudo sobre uma perspectiva da História de Portugal do Sec. XX. Embora possa ter aspectos de interpretação discutíveis é uma análise com bastantes elementos documentados que podem ajudar a compreender o nosso passado político.
    Foi por isso que quando iniciei a leitura do 3 volume fiquei com uma grande perplexidade quando na primeira pagina(3)capitulo 1 – O choque: da prisão ao julgamento, no ultimo parágrafo li a seguinte passagem “A mesma informação foi confirmada pelas mulheres de Armando Bacelar e do advogado vimaranense Santos Simões”. Existe nesta frase algumas pelo menos incorrecções.
    – O Dr. Santos Simões nunca foi advogado. A sua formação era em matemática tendo toda a sua vida sido dedicada ao ensino do qual chegou a ser expulso antes do 25 de Abril de 1974 por actividades politicas contra o regime.
    – O Dr. Santos Simões não é vimaranense de nascença. Viveu de facto durante muitos anos em Guimarães tendo desenvolvido actividades nos mais diversos domínios que leva a que sem qualquer duvida considerado no final da sua vida como um dos grandes vimaranenses mas tal não é certo em 1949 ano em que ainda não tinha vindo para cá viver.
    – O Dr. Santos Simões teve ao longo da sua vida uma grande actividade político/social que o levou por diversas vezes a ser preso torturado e perseguido pela policia política mas salvo melhor opinião não é o caso em 1949 ano em que ainda era estudante em Coimbra em que chegou a ser presidente da A.A.C.
    Postas estas questões que penso podem ajudar a rectificar algumas questões menos correctas, felicito-o pelo trabalho que tem feito e que continuarei a ler com prazer.
    Gualberto Freitas

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