(do Press release de apresentação)
ÁLVARO CUNHAL – A VIDA DE UM RESISTENTE
Para assinalar o 1º aniversário da morte de Álvaro Cunhal (13 de Junho de 2005), a Lusomundo apresenta, numa edição especial em DVD de dois discos, “ÁLVARO CUNHAL, A VIDA DE UM RESISTENTE”, um documentário biográfico da autoria de Joaquim Vieira co-produzido pela SIC e a Nanook.
O filme, com cerca de duas horas, sobre a vida do líder histórico do PCP é lançado para todo o mercado português no dia 8 de Junho. Trata-se de um documentário único, bastante completo e de interesse geral, dividido em duas partes e complementado com um disco adicional de extras.
Parte 1 – QUE FAZER?
Parte 2 – O ESTADO E A REVOLUÇÃO
NA FNAC CHIADO ÀS 19:30 UM DEBATE COM JOSÉ PACHECO PEREIRA, ODETE SANTOS, JOÃO MADEIRA E JOAQUIM VIEIRA
O DOCUMENTÁRIO
A 1ª parte do documentário – Que Fazer? – retrata a vida de Álvaro Cunhal desde o seu nascimento em 1913 até 1961, ano em que é eleito secretário-geral do PCP e, por razões de segurança, se exila em Moscovo.
Nascido em Coimbra, Álvaro Barreirinhas Cunhal era filho de um licenciado em Direito, escritor, pintor, laico e republicano, e de uma conservadora e católica fervorosa. A sua infância e juventude são amplamente abordadas neste documentário e complementadas com os testemunhos de familiares e amigos que com ele privaram. Entra para a Faculdade de Direito de Lisboa em 1931, e em 1934 adere ao PCP. O documentário percorre os longos anos de profunda clandestinidade e combate à ditadura salazarista, assim como mais de uma década passada nas prisões, relatando os episódio mais relevantes de uma vida de resistente, como a primeira viagem de Cunhal a Moscovo em 1935, onde recebe forte influência estalinista; as suas várias detenções; a sua ligação à Guerra Civil de Espanha (1936) e os futuros encontros clandestinos com elementos do Partido Comunista Espanhol; o cumprimento do serviço militar em Penamacor; a sua relação com outros camaradas da clandestinidade, como Pavel, Fogaça e Bento Gonçalves; as suas posições perante o pacto germano-soviético e a II Guerra Mundial; as suas ligações aos jornais O Diabo, Sol Nascente e Avante!; a reorganização do PCP no início dos anos 40; a direcção dos movimentos grevistas no tempo da guerra; a política do pós-guerra; e a sua prisão em 1949, durante 11 anos consecutivos, até à fuga a 3 de Janeiro de 1960, juntamente com mais nove dirigentes do PCP, minuciosamente narrada por diversos intervenientes. Em 1961, já no exílio, Cunhal adquire o estatuto de herói, tanto em Moscovo como nos meios oposicionistas portugueses.
A 2ª parte – O Estado e a Revolução – recomeça onde terminou a anterior. A rectificação política do PCP empreendida por Cunhal, a desestalinização em Moscovo, o conflito sino-soviético e a invasão da Checoslováquia (1968) são os temas que marcam a abertura desta parte do documentário. Em 1963, os comunistas chineses afastam-se da liderança soviética. A Frente de Acção Popular é então criada por dissidentes do PCP, mas Cunhal continua alinhado com o Partido Soviético e aproxima-se da liderança de Leonid Brejnev. Ele era um dos dirigentes comunistas estrangeiros mais respeitados e apreciados em Moscovo, onde sobe à tribuna de honra em todos os momentos solenes. À dimensão portuguesa, Cunhal chegou a ser objecto de algum culto de personalidade. Ainda enquanto prisioneiro nos anos 50, os escritores Jorge Amado e Pablo Neruda escreveram textos glorificando o dirigente comunista português, amplamente difundidos pelo PCP. A Acção Revolucionária Armada, estrutura bombista do PCP, inicia a sua vaga de atentados em Outubro de 1970, sob a caução de Cunhal. Vive-se já no período em que Marcelo Caetano (curiosamente, antigo membro do júri que em 1940 aprovara a tese de licenciatura do líder comunista em Direito) tomou o lugar de Salazar. Em Março de 1974, Cunhal encontra-se em Paris com Mário Soares (de quem fora professor e que influenciaria politicamente, contribuindo para a sua filiação no PCP), agora líder do recém formado Partido Socialista, para discutir acções comuns contra o governo de Caetano. Um mês depois, dá-se o golpe do 25 de Abril e os militares revolucionários tomam conta do país, de alguma forma confirmando as anteriores teses de Cunhal sobre a forma de pôr fim à ditadura. Cunhal desembarca no aeroporto da Portela a 30 de Abril, após mais de uma década de exílio, emergindo das sombras como o mais mítico dos resistentes contra a ditadura. Os primeiros quatro governos provisórios, nos quais Cunhal foi ministro sem pasta, o «Verão Quente» de 1975 e o 25 de Novembro desse ano são, naturalmente, tratados no documentário. Nessa altura, a figura de Cunhal torna-se conhecida no estrangeiro, onde simboliza a radicalização revolucionária de Portugal. Mas no 25 de Novembro tem um papel preponderante na contenção das forças militares e civis afectas ao PCP, dando um contributo talvez decisivo para se evitar a eclosão da guerra civil e um enorme derramamento de sangue. As históricas eleições presidenciais de 1986, a “perestroika”, a queda do Muro de Berlim (ao mesmo tempo que caem os velhos dogmas do marxismo-leninismo) e o distanciamento de Cunhal perante as reformas promovidas por Gorbatchov na União Soviética têm igualmente o seu enquadramento nesta obra. Estávamos num período de intransigência do PCP, o que, em consequência, estimulava a crítica de alguns militantes que viriam a ser expulsos do partido, como Vital Moreira, Zita Seabra, José Luís Judas, José Magalhães, etc. A dissidência transformava-se em prática ritual do Partido e, em simultâneo, assistia-se ao fim da União Soviética, a que Cunhal poucos anos antes atribuíra o estatuto de «Sol na Terra». Em 1992, Cunhal abandona o cargo de secretário-geral, sendo substituído por Carlos Carvalhas. A retirada da vida política activa revela, ao mesmo tempo, a sua faceta literária e artística, que ao longo da vida foi cultivando como pôde, e em 1994, no lançamento da sua novela Estrela de Seis Pontas, assume publicamente que Manuel Tiago é o seu pseudónimo lietrário. Morre a 13 de Junho de 2005, e o seu cortejo fúnebre transforma-se numa verdadeira e sentida homenagem do povo português ao homem que, muitas vezes, foi apelidado de “o último comunista”.
O documentário contém depoimentos exclusivos, entre outros, de Santiago Carrillo, António Dias Lourenço, Stella Bicker Piteira Santos, Guilherme Morgado, Ludgero Pinto Basto, Vasco de Carvalho, Alexandre Babo, Edmundo Pedro, Manuel João da Palma Carlos, Sofia Ferreira, Carlos Brito, Francisco Martins Rodrigues, António Borges Coelho, Raimundo Narciso, Carlos Antunes, Vasco Gonçalves, Otelo Saraiva de Carvalho, Carlos Coutinho, Domingos Lopes, António Vilarigues e Pedro Ramos de Almeida.
OS CONTEÚDOS ADICIONAIS:
A pesquisa de materiais para esta edição resultou na compilação de uma grande diversidade de conteúdos adicionais de manifesto interesse, o que implicou a criação de um disco de bónus dedicado exclusivamente a informação complementar sobre Álvaro Cunhal. Esta extensa lista inclui cerca de 3 horas de material de áudio e vídeo, além de uma vasta documentação de consulta, a saber:
- Cronologia Interactiva da Vida de Álvaro Cunhal
· Textos (quase) Inéditos de Álvaro Cunhal lidos por Diogo Infante (Duas Horas na Caserna; Duas Alegorias: História do país da verdura e do sol; História do país do fumo e das fornalhas; Carta a uma Jovem Burguesa)
· Relatos da Última Prisão de Cunhal (Excertos integrais dos testemunhos dados para o documentário por SOFIA FERREIRA, que vivia na casa de Cunhal quando a PIDE a tomou de assalto, e DIAS LOURENÇO, que 11 anos depois organizou a partir do exterior a célebre fuga do Forte de Peniche)
· Iconografia (inclui fotografias raras e alguns documentos relacionados com a biografia de Cunhal, bem como exemplares da sua obra plástica, entre os quais vários “Desenhos da Prisão”)
· Discurso de Cunhal em Moscovo (1962) (Um filme inédito, descoberto pela equipa de investigação do documentário num antigo arquivo soviético)
· Duas Entrevistas de Cunhal na SIC (feitas por José Alberto de Carvalho no Jornal da Noite – 2 de Setembro de 1993 e 10 de Fevereiro de 2000)
· O Último Adeus (compacto da transmissão em directo feita pela SIC do funeral de Cunhal)
· Conteúdos DVD ROM (Cronologia de Álvaro Cunhal; Textos quase Inéditos, documentos biográficos, etc).
SINOPSE OFICIAL:
Álvaro Barreirinhas Cunhal (1913-2005), liderou o Partido Comunista Português ao longo de mais de meio século. Actuando na clandestinidade durante a ditadura do «Estado Novo», e apesar de ter sido preso três vezes (a última das quais durante 11 anos, oito deles em total isolamento) e de se conservar 13 anos no exílio, Cunhal conseguiu manter o seu partido estruturado de modo a resistir a sucessivas investidas policiais e a emergir em 25 de Abril de 1974 como uma força política que projectou enorme peso e influência sobre a sociedade portuguesa até aos dias de hoje.
O secretário-geral do PCP destacou-se além-fronteiras durante o período revolucionário português de 1974/75. Foi considerado um teórico influente do movimento comunista internacional, antes da queda do Muro de Berlim e da desagregação do bloco soviético (1989-91). O seu percurso político atravessa outros importantes acontecimentos mundiais do século XX, como a Guerra Civil de Espanha (1936-39), as purgas estalinistas de Moscovo nos anos 30, a II Guerra Mundial (1939-45), a Guerra Fria, a cisão sino-soviética (1963) ou a invasão da Checoslováquia (1968).
ÁLVARO CUNHAL – A VIDA DE UM RESISTENTE Edição Especial – 2 Discos:
DVD Preço: 20€ aproximadamente
Data de Lançamento: 8 de Junho 2006
Duração: 117 minutos + Extras
CONTACTO PARA MAIS INFORMAÇÕES:
Saúl Rafael
Tel. 21.7824478