
Num arquivo que adquiri, oriundo de uma personalidade da oposição portuguesa activa na luta contra Salazar desde os anos trinta, encontra-se uma série de fotografias tiradas durante a guerra civil espanhola. Desconheço se são total ou parcialmente inéditas, pelo menos em Portugal. Todas retratam eventos da guerra civil, material bélico, cenas de violência e morte, fuzilamentos, cadáveres no chão, campos e ruas com mortos.Algumas estão legendadas à mão em português, como a série que retrata a prisão, interrogatório e fuzilamento de “comunistas” em Llerena, na Estremadura, perto de Badajoz. Sabe-se que Llerena foi tomada pelos nacionalistas em princípios de Agosto de 1936 e que, logo a seguir, houve centenas de fuzilamentos. É provável que estas fotos testemunhem esses fuzilamentos de 5 e 6 de Agosto. Como neste mesmo período de tempo, o jornalista português Mário Neves se encontrava na região e foi uma das raras testemunhas do chamado “massacre de Badajoz”, é provável que estas fotografias tenham sido por ele tiradas ou trazidas.
Depois da publicação, em Março de 2005, da primeira versão desta nota, recebi vários pedidos vindos de Espanha e em particular da região de Llerena, incluindo da Asociación para la Recuperación de la Memoria Histórica de Extremadura, que trabalha na identificação de cadáveres nas fossas comuns encontradas nos últimos anos. Em anexo, publico aqui toda a série de fotografias, quinze no total, com algumas duplicações, esperando ser útil para identificar pessoas e eventos, assim como as legendas originais nalgumas delas.
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Legenda:”Aviºoes três motores alemães em Tallada” (ou Tallata?) (*)
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Legenda: “Tropas de Marrocos da coluna Castejon”
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Legenda:”Interrogatório de dois comunistas”
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Legenda: “Fuzilamento de comunistas em Llerena”
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Legenda:”Comunistas formados para o fuzilamento”
(*) La fotografia que dice “Aviões três motores alemães em Tallada” (ou Tallata?) es Tablada, aérodromo de Sevilla.
(Manuel P. Ron)
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Carta do Campo de Batalha a Uma Milha de Huesca
Coração de um mundo
que já coração não tem,
pensar em ti é levar
tanta dor aqui ao peito.
Sopra o vento na tarde
que já prediz o outono,
tenho medo de perder-te,
tenho medo do meu medo.
A uma milha de Huesca
venço a barreira final
que vai ser o nosso orgulho.
Pensa com amor em mim
para que eu te sinta ao lado.
E se, quebrando-me as pernas,
a má sorte me atirar
para a noite de uma cova,
pensa no bem que puderes
não esqueças o meu amor.
John Cornford. 1936
(Tradução de Luiza Neto Jorge)
(retirado do “Estudos sobre a Guerra Civil Espanhola” blog da autoria de Tiago Barbosa Ribeiro: http://1936-1939.blogspot.com/2003_07_01_1936-1939_archive.html)