Transcreve-se a seguir uma notícia necrológica publicada no Pravda de autoria de Luis Carvalho.
FALECEU VASCO CABRAL
Vasco Cabral faleceu em Bissau, no passado dia 24 de Agosto. Tinha 79 anos de idade.
Estudou em Portugal. Onde se formou em Ciências Económicas e Financeiras pela Universidade Técnica de Lisboa. Onde foi militante do MUD juvenil, movimento unitário de oposição à ditadura fascista, fortemente influenciado pelo PCP. E onde foi preso político, no Aljube e em Caxias.
Na guerra contra o retrógado império colonial que a ditadura fascista portuguesa insistia em tentar manter, Vasco Cabral tornou-se um dos principais dirigentes do Partido Africano pela Independência de Guiné Bissau e Cabo Verde (PAIGC) e foi comandante político da guerrilha de libertação nacional.
Foi um próximo companheiro de armas de Amilcar Cabral, líder da luta pela independência da Guiné Bissau e de Cabo Verde – com quem não tinha nenhum laço familiar, ao contrário do que sugere o facto de terem um apelido idêntico.
Com a independência da Guiné Bissau, desempenhou funções no Governo (ministro da Economia e Finanças, coordenador de Economia e Planeamento, ministro de Estado da Justiça e membro do Conselho de Estado). Foi vice-Presidente da República e fundador da União Nacional de Escritores da Guiné-Bissau.
PCP enviou condolências
O Partido Comunista Português enviou ao PAIGC uma mensagem de condolências pelo falecimento de Vasco Cabral, homenageando-o como “combatente anticolonialista e antifascista desde muito jovem e figura destacada da luta do povo guineense pela conquista da independência e edificação da República da Guiné Bissau”.
Um poema de Vasco Cabral:
O ÚLTIMO ADEUS DUM COMBATENTE
Naquela tarde em que eu parti e tu ficaste
sentimos, fundo, os dois a mágoa da saudade.
Por ver-te as lágrimas sangraram de verdade
sofri na alma um amargor quando choraste.
Ao despedir-me eu trouxe a dor que tu levaste1
Nem só teu amor me traz a felicidade.
Quando parti foi por amar a Humanidade.
Sim! Foi por isso que eu parti e tu ficaste!
Mas se pensares que eu não parti e a mim te deste
será a dor e a tristeza de perder-me
unicamente um pesadelo que tiveste.
Mas se jamais do teu amor posso esquecer-me
e se fui eu aquele a quem tu mais quiseste
que eu conserve em ti a esperança de rever-me!
Conheci-o em Manila (Maio/Junho de 1979) por ocasião de uma UNCTAD( conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento), ele a chefiar a delegação da Guiné-Bissau e eu na representação portuguesa. Como estávamos no mesmo hotel ( o histórico e magnífico Manila Hotel), conversámos bastante e até jogámos uma partida de ténis. Era extremanente simpático, bom conversador não dando nada a ideia da sua “ortodoxia” ideológica, pressentindo-se( tanto quanto ainda me lembro) uma certa frustação/desencanto (?!?)nas suas opiniões sobre o rumo das coisas na sua terra. Enfim , Paz à sua Alma
I have been thinking a lot about you, Camarada Vasco. I miss you! The last time we saw each other was in 1989-l990 and I know you did not like what I had to say about Guine. You were/are a wonderful, larger than life even downright irritating man but I like many will never forget you and will always love you in our hearts. Peace be with you!